tag:blogger.com,1999:blog-61524184132008525312024-03-05T09:19:44.981-03:00.:Anestesia Literal:.sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.comBlogger202125tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-23666824688133963952022-02-23T17:44:00.004-03:002022-02-23T18:09:03.488-03:00Receituário.pdf<p>USO ORAL:</p><p>1 - STILNOX CR 6,25 -------------------------------------------- 3CXs</p><p>Tomar 1 cp à noite, antes de dormir</p><p><br />2 - VENLAXIN 150MG/ 60 cp ---------------------------------3CXs</p><p>Tomar 1 cp às 12h, junto com o almoço</p><p><br /></p><p>3 - RIVOTRIL SUB 0,25mg/ 30 cp ----------------------------2CXs</p><p>Tomar até 2 cp durante as crises</p><p><br /></p><p>IMPORTANTE NÃO ACEITAR GENÉRICOS</p><p>Passar bem</p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="416" src="https://www.youtube.com/embed/tIWhpI_unCo" width="500" youtube-src-id="tIWhpI_unCo"></iframe></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p><br /></p>sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-67622434644540245442021-03-19T17:03:00.003-03:002021-03-19T17:07:20.479-03:00à jovem mística<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUWCu-eaCEv6DkKTZGLZUmCz6L7cs0s92Y_dqpuf_oTuHs7IYt5LQSTLWtpMqjyKqcvf8xrXUmpDFp43RsnTONWPSvit_9OiZHhGVt0UL1XPRZJggnafHm1TWNv0KzpsuXFTFNJnou2dBy/s2048/pexels-cottonbro-4980305.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="444" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUWCu-eaCEv6DkKTZGLZUmCz6L7cs0s92Y_dqpuf_oTuHs7IYt5LQSTLWtpMqjyKqcvf8xrXUmpDFp43RsnTONWPSvit_9OiZHhGVt0UL1XPRZJggnafHm1TWNv0KzpsuXFTFNJnou2dBy/w669-h444/pexels-cottonbro-4980305.jpg" width="669" /></a></div><p><br /></p><p>Onde queres revólver, sou coqueiro<br />E onde queres dinheiro, sou paixão<br />Onde queres descanso, sou desejo<br />E onde sou só desejo, queres não<br />E onde não queres nada, nada falta<br />E onde voas bem alta, eu sou o chão<br />E onde pisas o chão, minha alma salta<br />E ganha liberdade na amplidão</p><p>Onde queres família, sou maluco<br />E onde queres romântico, burguês<br />Onde queres Leblon, sou Pernambuco<br />E onde queres eunuco, garanhão<br />Onde queres o sim e o não, talvez<br />E onde vês, eu não vislumbro razão<br />Onde queres o lobo, eu sou o irmão<br />E onde queres cowboy, eu sou chinês</p><p>Ah! bruta flor do querer<br />Ah! bruta flor, bruta flor</p><p>Onde queres o ato, eu sou o espírito<br />E onde queres ternura, eu sou tesão<br />Onde queres o livre, decassílabo<br />E onde buscas o anjo, sou mulher<br />Onde queres prazer, sou o que dói<br />E onde queres tortura, mansidão<br />Onde queres um lar, revolução<br />E onde queres bandido, sou herói<br /><br />Eu queria querer-te amar o amor<br />Construir-nos dulcíssima prisão<br />Encontrar a mais justa adequação<br />Tudo métrica e rima e nunca dor<br />Mas a vida é real e de viés<br />E vê só que cilada o amor me armou<br />Eu te quero (e não queres) como sou<br />Não te quero (e não queres) como és</p><p>Ah! bruta flor do querer<br />Ah! bruta flor, bruta flor</p><p>Onde queres comício, flipper-vídeo<br />E onde queres romance, rock'n roll<br />Onde queres a lua, eu sou o sol<br />E onde a pura natura, o inseticídio<br />Onde queres mistério, eu sou a luz<br />E onde queres um canto, o mundo inteiro<br />Onde queres quaresma, fevereiro<br />E onde queres coqueiro, eu sou obus</p><p><br />O quereres e o estares sempre a fim<br />Do que em mim é de mim tão desigual<br />Faz-me querer-te bem, querer-te mal<br />Bem a ti, mal ao quereres assim<br />Infinitivamente pessoal<br />E eu querendo querer-te sem ter fim<br />E, querendo-te, aprender o total<br />Do querer que há e do que não há em mim</p><p>[Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso]</p>sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-85655283578263581912021-02-11T09:37:00.002-03:002021-02-11T09:38:47.833-03:00Sobre a Era de Aquário<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiKFx1OulcKlXtIVxuIb_eIt2Xrn99aC6RAQNGnWrOSdq6ziok3-vdr3zCyoGOdxIRkVSBTUKGP1HeqQEQ_P5O1dNXsp5aIM0bZKUcqruTEDJdG0XPmp6E9-qt6b6LS0iQa2hkpWL-F7AF/s2048/joieo_e_trigo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1406" data-original-width="2048" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiKFx1OulcKlXtIVxuIb_eIt2Xrn99aC6RAQNGnWrOSdq6ziok3-vdr3zCyoGOdxIRkVSBTUKGP1HeqQEQ_P5O1dNXsp5aIM0bZKUcqruTEDJdG0XPmp6E9-qt6b6LS0iQa2hkpWL-F7AF/w587-h404/joieo_e_trigo.jpg" width="587" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: right;">Imagem: Master</td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Lá vem no horizonte a queda dos senhores feudais. E vejo dois mundos, ou muitos mundos, às vezes não sei em qual dimensão sinto que vejo, mas vejo dois mundos genericamente falando, o velho e o novo, em pé de guerra. Não sei se por Urano ou Saturno ou se pela conjunção de ambos tal como quimera, urra-se nas bocas alheias o discurso do cancelamento, de ambos os lados, de modo que não há equilíbrio e as partes se aniquilam mutuamente. Não parece haver tampouco alguma luz depois dessa caverna de Platão. As chamas dentro da caverna se dissiparam há muito e os primatas que nela se abrigavam em um certo companheirismo pela sobrevivência agora guerreiam entre si com propósito nenhum ou algum muito parco à estatura de seu caráter mesquinho. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">No início acompanhei aqueles que julgava bons, depois, estarrecida com algumas dessas práticas isolei-me invariavelmente. Afinal, quem são os bons? O que se há para aprender da situação global? O que se há para aprender da situação do Brasil? </span></div><p style="text-align: justify;">Por enquanto julguei melhor permanecer em casulo. Conheci as dores de um lado, conheci os devaneios de outro e me é tão incerto que a consciência de todos se clareie na Era de Aquário. Muito propositalmente deve ser por isso que essa fronteira de conhecimento não seja alcançada por todos, que portanto os livros mais antigos, os livros bíblicos falem da separação do joio e do trigo. E sem nenhum apreço pelo discurso cristão mas com total respeito pelo premeditado livro apocalíptico, percebo que certas suposições agora se caracterizam, que certos acontecimentos se materializam e que talvez seja este um começo de um fim.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Cansada já estava de ouvir tanto e tantas vezes essas previsões, de modo que saí para tomar um ar e tudo o que ouvi foram as minhas dúvidas cantarolando solenemente:</p><p style="text-align: justify;">- Como distinguir entre o joio e o trigo agora que eles proferem o mesmo discurso em toda parte?</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-10313071584568351922020-09-30T10:44:00.010-03:002020-09-30T15:21:52.644-03:00Vênus em Peixes<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1336" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhbtGun5gEOjfjNCmzG_E-rilOBUM64k7upaq2cd2Im5Zw7dQvEK1fPNzYmoQ2tmwGJXznjahwoeNlUTi6pPAK5WWMjoXAGp_ZDDJRNM5UBmL9KI6BRO_KVDbWz1vFT9nAnuufoO_uwkr-/s16000/nicolas-lobos-kGtFjYdm7DI-unsplash.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: left;">Image: Nicolas Lobos<br /></td></tr></tbody></table><br /> <p></p><p>Assumindo para mim que talvez leias estas palavras algum dia, sinto-me sozinha na curvatura da confissão que não devo fazer abertamente neste texto platônico. Assim, sorrateiramente e de forma muito velada, oculto o palpitar de um imenso oceano azul anil de ansiedade enquanto minhas pupilas se dilatam quando tu rompes o silêncio da sala, com teu vermelho-marte. Tua imagem muito frágil ainda fixada na frente dos olhos, fixada por uma extrema vontade da existência, devo insistir - e o teu frêmito falseável, inventado pela minha mente, confrontam minha declaração racional todas as manhãs, como a persistência de um dia nublado no domingo. Será possível que a mente, sendo a primeira das esferas míticas existentes no universo que nos circunda, é mutável a tal ponto de que algum dia cheguemos a nos ver - tu a mim, como eu a ti - simultaneamente sob o fremir dos mesmos anseios? Pergunto-o ao quarto solitário no amanhecer e obscurecer do tempo eterno, mas ele, tal como tu, não me refuta.</p>sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-4747287946224121202020-05-17T14:29:00.002-03:002020-05-17T14:38:50.454-03:00sobre viajar no tempo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTQDOWXnQCBKaMfzIfEZS-wSAyf4Dy2WPMSnYEkeZnzibD_Ki4BexU1hWFVyxzQszit0t_ozNfvCxptLTbdxes3MUWSHbnEU3CZSjsW11f11eP87RIzoNACnV5oisxgU7rjXKErQLX2uTw/s1600/430.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="961" data-original-width="1600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTQDOWXnQCBKaMfzIfEZS-wSAyf4Dy2WPMSnYEkeZnzibD_Ki4BexU1hWFVyxzQszit0t_ozNfvCxptLTbdxes3MUWSHbnEU3CZSjsW11f11eP87RIzoNACnV5oisxgU7rjXKErQLX2uTw/s1600/430.jpg" /></a></div>
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Outro dia improvisei uma estante, retirei os livros das caixas que se amontoavam no quarto, deposite-os nas robustas prateleiras. O trabalho durou um par de horas, talvez mais.. Não que eu tenha trazido minha singela coleção: ela fica na casa de minha mãe. Tampouco pela sutil quantidade de livros de que disponho no momento, mas pela nostalgia que me abraçou durante a tarefa e me furtou a consciência.<br />
<br />
Obriguei-me a acolhe-la e deixei o tempo perdurar o tanto que bastasse para sentir que estava, de alguma maneira, reorganizando as ideias internamente. O rito prostrou-se diante de mim e me convidou a rever a época em que permanecia nessa casa de minha mãe, trancafiada no pequeno quarto que me fora destinado e onde eu me escondia sob muralhas de livros de todos os tipos. Eu sempre fui uma pessoa de "poucos amigos", do contrário, conversava mais comigo mesma ou era com um eu superior imaginário mais inteligente e forte do que eu própria poderia ser na ocasião. Os outros, as pessoas comuns, com suas famílias de margarina não poderiam alcançar tão peculiar entendimento e quando eu - na esperança fugaz - me entretinha com eles, parecia apenas falar sozinha. Pois bem, falava então com esse meu eu superior.<br />
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Às vezes penso que me tornei dissociada de algumas experiências para me proteger, mas era um escudo tão fino, tão subjetivo que eu não pude deixar de captar as ondulações e as tristezas daquela época. Tive uma infância difícil e não estou certa, ainda, de que consigo escrevê-la. A verdade é que nunca tentei declaradamente escrevê-la e tampouco me inscrevi em alguma terapia. Seja como for, ontem li uma frase que me atingiu sorrateiramente e me deixou em estado de dissociação do tempo-espaço que supostamente meu corpo ocupa momentaneamente. A frase dizia mais ou menos, por essas ou outras palavras, que perdoar é rememorar as lembranças do passado e retornar ilesa delas.<br />
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Ora, note que fiquei nesse rito das prateleiras improvisadas por mais de hora e me deixei levar pelas janelas da alma, atravessando essas mesmas ondulações de outrora. Lembrei-me com dor de alguns fatos e senti profundamente a carne arder. Depois, esse outro eu, um eu superior prostrou-se ao meu lado com igual interesse - não pelas ocorrências em si, mas olhava-se todo a mim - e me estendeu a mão para que eu pudesse sobrevoar os fatos com distanciamento novamente. Viajamos minutos, talvez horas, até que assentei sobre esse corpo que vos escreve.<br />
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Senti quão aconchegante me foi e ainda é esse eu familiar. Ansiava por ele. Em verdade, parece-me, nunca estive sozinha. Há uma certa sabedoria milenar disposta em nossas células, dizem os sábios. Essa é uma verdade que sempre me pertenceu, com a qual me envolvi muito na infância e talvez seja por isso que dizem que amadureci muito rápido na vida. Quero dizer, dizem que as vicissitudes nos amadurecem invariavelmente... e posso reunir milhares delas só com um cerrar de olhos. Ainda estão vibrando em meu campo, embora agora eu tenha mais consciência sobre o que posso fazer com elas.<br />
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De fato, amadureci, apenas não sei se pela sucessão de dores e desafios, mas talvez porque, apesar de tudo, independente do lugar e das condições de que dispunha, sempre tive a companhia de um eu superior que esteve e está aqui e agora comigo. É a ele que me entrego para escrever qualquer palavra, pareça ela benéfica ou má. Eu me entrego a quem eu sou e viajo pelo tempo acompanhada por mim como ninguém mais me faz sentir nesse mundo.<br />
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<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-20702813840353397422020-04-22T22:36:00.000-03:002020-06-15T14:29:30.371-03:00Desejos reprimidos inesperados<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNMJ63cbJPaZVMVNWTzwtXyDXqp_x-qb6gPo7Usx7vwylRcoMf7YA7CJjbYq2mmcG_XDGNKgdCLxb0mZ_G99aqmo2kOp71Cq6deCc2EO3FjPakIW6D66McMiOLdAwlN-J49nyd-aIvTdpl/s1600/autorretrato.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNMJ63cbJPaZVMVNWTzwtXyDXqp_x-qb6gPo7Usx7vwylRcoMf7YA7CJjbYq2mmcG_XDGNKgdCLxb0mZ_G99aqmo2kOp71Cq6deCc2EO3FjPakIW6D66McMiOLdAwlN-J49nyd-aIvTdpl/s640/autorretrato.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: right;">Autorretrato, 2009</td></tr>
</tbody></table>
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Faz um tempo notei que em sonhos não temos mantido o distanciamento social.<br />
Ademais, nem mesmo você tem mantido o matrimônio e me encontro surpresa pelos movimentos tão claros quando você se despe à minha frente, como se de fato eu já houvesse antes dialogado com esse corpo que me espreita, soturnamente tão íntimo.<br />
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Em especial é preciso dizer que, de alguma forma, existe um horizonte completamente distinto daquele que você me apresenta pessoalmente. Uma coisa é quando você olha e me cumprimenta socialmente, ainda que eu perceba, de canto, os seus olhos castanhos me espreitando. Porém, outra situação se revela quando chamo seu nome dentro da caixinha obscura da minha mente. Como foi que preenchi tão ilustres imagens sem nunca ter o acesso à intimidade?<br />
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Quero dizer, parte sua continua intacta e isso pode contribuir para a construção. O distanciamento e a formalidade, a aparência do medo de fazer descobertas contrárias ao seu projeto de vida parecem se projetar sempre de você, como um desafio convidativo feito o exalar de uma flor silvestre. Mas, então, quando cerro os olhos e sou pega desprevenida pelas suas feições assustadas e ansiosas, o seu corpo despido me ocupa as linhas do mistério e vai tomando conta da tensão poderosa que me escala vértebra por vértebra e explode em contrações prazerosas.<br />
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É verdade que somente esta semana sonhei duas vezes. Às vistas rotineiras, não poderia supor que isso nos fosse possível. Na verdade, por toda a sua postura formalizada, me é impossível conceber de olhos abertos tais atos. Mas você me perturbou as ondulações da mente quando enfim entreguei-me ao sono profundo. Não bastou um dia, preencheu-me dois. De modo que em dois dias distintos acordei atravessada pela força da lembrança de um desejo. Por sorte, na quarentena não nos olhamos, não saberia talvez ocultar esse contato obscuro que tivemos na transparência dos meus olhos azuis. A sua astúcia não me perderia de vista, sei bem.<br />
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Alguns dizem que em sonhos refletimos nossos desejos mais íntimos. Outros afirmam - talvez esperançosos - que neles somos livres e tão mais vivos do que quando despertos e que é possível um encontro etérico. Não sei que via escolher, entretanto minha parte cientista me diz que são desejos reprimidos e me esforço por entender: seriam apenas meus?<br />
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<iframe width="100%" height="166" scrolling="no" frameborder="no" allow="autoplay" src="https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/71706008&color=%23ff5500&auto_play=true&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true"></iframe><div style="font-size: 10px; color: #cccccc;line-break: anywhere;word-break: normal;overflow: hidden;white-space: nowrap;text-overflow: ellipsis; font-family: Interstate,Lucida Grande,Lucida Sans Unicode,Lucida Sans,Garuda,Verdana,Tahoma,sans-serif;font-weight: 100;"><a href="https://soundcloud.com/deccarecords" title="DeccaRecords" target="_blank" style="color: #cccccc; text-decoration: none;">DeccaRecords</a> · <a href="https://soundcloud.com/deccarecords/experience" title="Experience" target="_blank" style="color: #cccccc; text-decoration: none;">Experience</a></div>sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-52019440183496189552020-03-19T21:19:00.002-03:002020-03-21T16:14:24.959-03:00um ano de solitude<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://sweetway.com.br/wp-content/uploads/2018/11/deserto-do-atacama-sem-misterios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="800" src="https://sweetway.com.br/wp-content/uploads/2018/11/deserto-do-atacama-sem-misterios.jpg" /></a></div>
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Em março as pessoas se assombram com a quarentena imposta por um vírus de origem asiática, sem contudo saber que a cólera não tem a cor que não a própria de seus reflexos. Olho-me no espelho e relembro, vivendo ainda sob a carne, as marcas do tempo. Minha quarentena não faz somente os dias aí exigidos pelos governantes do mundo.<br />
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A verdade é que assentei minha alma sobre este corpo há exatos trezentos e sessenta e cinco dias.<br />
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Separei-o do mundo então: nada a dar a quem nada pode compreender a magnitude desta essência que se encontrou a si. Nenhum suposto amor, nenhuma troca de libido terrena pode me alcançar em altura tal qual a esta que estabeleceu-se entre mim e meu ser.<br />
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Decidi outrora com olhos racionais, ponderei, como juiz de mim, que me manteria fora do mundo por saber-me tão graciosa e paradoxalmente invisível nele.<br />
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Passeei por longos desertos, acumulei poeira.<br />
Embora no início julgava difícil estabelecer essa relação de amor comigo mesma, fui ao encontro deste ser que em mim habita e obliterei compartilhar essa relação com qualquer outro alguém.<br />
Ficamos então, eu e eu mesma nesse espaço de tempo, sem relação com o espaço em si, mas com o tempo que eu divisava distante, querendo expurgar toda a carga anterior do mundo.<br />
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Por um tempo tateei no escuro ou era sob o mérito de uma luz tão vibrante que sequer poderia enxergar a mim mesma. Rendi-me então no branco leitoso da existência.<br />
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Vieram três, talvez quatro pobres almas a percorrer o entorno do meu deserto. Deixei-as cair nas próprias conclusões e pedi que a linha suntuosa do tempo lhes retirasse do meu caminho.<br />
Pode ser que levantei a voz para as mais persistentes, disse-lhes saiam agora e não retornem. Demarquei as saídas, as palavras, as estórias. Tudo para não deixar nenhum mal entendido e não cometer injustiças.<br />
Depois titubeei, é verdade, estava também eu um tanto cega com essa luz. Mas não retrocedi.<br />
Segui fitando o branco que me engolia hipnotizante.<br />
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Até que fui deixada em paz. Na falta de encontrar alguém à altura, encontrei a minha própria mão, corpo sereno a me vestir. Vesti-me de sua solicitude e me entreguei.<br />
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Não é por nada que passam-se os dias da quarentena de março como passam-se normais os meus dias. Só mais um, como qualquer outro. Aqui, do alto de onde observo o mundo a dar as suas voltas, resta-me apenas respirar. O meu espírito se acomodou ao corpo e não deseja se entregar aos que estão cegos de mim.<br />
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Foi o ano mais revelador de minha vida e ainda assim, continuo higienizando as lembranças por esses dias. Deixei meu corpo então suar, expelir os seus odores sagrados. Aos poucos sinto que rompo as membranas adjacentes, vibrante e maciça e completamente rendida à força de ser quem sou.<br />
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<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-11959232607851750812020-02-07T11:30:00.000-03:002020-03-01T13:57:07.353-03:00trinta e dois<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXIv71f53pYGxBJduF83lThoWYKrVKpDXcifDVhX7KQTfo7BaVnxuWpDX1WBIKkioh506DN8NrFvdBxsm-sUOwt-gGGKc6ZsmXYPzTPW-a7TyQk4Fiv4hi6wLmfibb98VJE1pvwsWtDcCD/s1600/Michelle_birthday.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="961" data-original-width="1600" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXIv71f53pYGxBJduF83lThoWYKrVKpDXcifDVhX7KQTfo7BaVnxuWpDX1WBIKkioh506DN8NrFvdBxsm-sUOwt-gGGKc6ZsmXYPzTPW-a7TyQk4Fiv4hi6wLmfibb98VJE1pvwsWtDcCD/s640/Michelle_birthday.jpg" width="640" /></a></div>
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</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
Não fiquei milionária aos 30, muito menos aos 32. Pra falar a verdade, isso até está um tanto longe de acontecer...<br />
Tudo bem, porque não foi planejado e, se acaso tivesse, confesso que teria sido bem aquém da posição em que larguei na vida. Portanto, seria no mínimo, milagroso.<br />
<br />
O fato é que em dias de arco-íris e manhãs chuvosas tudo o que tem realmente me importado é viver os meus dias com o sabor do momento. Sonhar é lindo, faz a gente engrandecer a alma, mas ainda é muito pouco perto de quem tem a dignidade de ser e estar no presente. O <i><b>presente</b></i>.<br />
<br />
Dito assim, palavra suave, quase cantarolada no pensamento:<br />
- O presente.<br />
Os meus pulmões se enchem de enérgico suspiro. Não sei se é o sentido da língua portuguesa ou se pelo oportunismo à licença poética. Mas presente é algo que realmente conta "quando faz os dias que nasceste".<br />
<br />
Se o sentido presenteia a jornada no exato momento em que esta acontece, não é ao fim que o milagre acontecerá mas hoje, agora mesmo, ao passo que escrevo e vou preenchendo meus dias com a minha existência consciente.<br />
<br />
Gratidão pela oportunidade de ser e estar.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/2VW-TgdY67U/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/2VW-TgdY67U?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-5996356536587323562020-02-03T21:26:00.002-03:002020-02-03T21:40:37.854-03:00Seahorse<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNK_UpOq-FILVerAmnFfVCnbE8snbiYgPGc_Yir_s3co47e-Mtn5ElgTXojBSAfqoD7Oah_fZnQenV7FMPJfM_I3-o8aepeMO9hSNZ-J9xDDoLqRkcX5k1qbgATM39WnvnSijk56gA8EBb/s1600/jonathan-rados-gpJ1a5Hrv8w-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="677" data-original-width="1600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNK_UpOq-FILVerAmnFfVCnbE8snbiYgPGc_Yir_s3co47e-Mtn5ElgTXojBSAfqoD7Oah_fZnQenV7FMPJfM_I3-o8aepeMO9hSNZ-J9xDDoLqRkcX5k1qbgATM39WnvnSijk56gA8EBb/s1600/jonathan-rados-gpJ1a5Hrv8w-unsplash.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
Eu havia evitado a todo custo olhar para quem eu sabia que me traria a dor de não ser um espelho.<br />
No entanto, quis o meu anjo que eu enfrentasse tão temida dor.<br />
Prostrei-me rendida a fitá-la então.<br />
<br />
Foram os olhos que primeiro tatearam aquela pele de veludo.<br />
De súbito, a curva da tua boca também me fez salivar.<br />
Eu poderia ter estado ali nos teus rijos lábios e saberia que Narciso existe quando Ela olha para você.<br />
O perfume exótico de sua flor me excita as narinas.<br />
<br />
Não me vi, contudo, nessa posição e então a libertação veio para apaziguar a dor da revolta.<br />
Entendi quase tardiamente que o caminho correto se abrira para mim num passado remoto.<br />
Que era mil vezes melhor estar aqui e não afogada no lago que agora abriga você.<br />
<br />
Então abri-me as asas de águia que eu própria permitira podar.<br />
Levantei meu desajeitado voo e os primeiros humanos já começaram a perceber.<br />
Com a sobriedade que me abraça, vou-me embora<br />
mas queria que soubesses que eu te desejo toda sorte.<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-77942623062344275762019-11-01T20:38:00.002-03:002019-11-01T20:48:40.574-03:00Gratidão<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY3Fs6p_LgfHHsZp85WltmRa1X-ddwdcR3mOfInR-9BMLVhdcCAd1vSjkUrlQ3hFhWvjWZyH7dJ4THndea2c-pcecYHjxQfDRAN0GlYCZiuHr8JByQeyPv3uSndk3Du0S2lcbyiaNqd9v8/s1600/michelle.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="769" data-original-width="769" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY3Fs6p_LgfHHsZp85WltmRa1X-ddwdcR3mOfInR-9BMLVhdcCAd1vSjkUrlQ3hFhWvjWZyH7dJ4THndea2c-pcecYHjxQfDRAN0GlYCZiuHr8JByQeyPv3uSndk3Du0S2lcbyiaNqd9v8/s640/michelle.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Festival Gastronômico de Pomerode - 2019</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Hoje sim. Agora sim. O coração palpita.<br />
Encontrei aquilo que quero muito fazer para o resto da vida:<br />
Ser feliz fazendo qualquer coisa de que eu ame muito.<br />
Porque só mereço outra coisa se for maior que isso.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-52700673300374796072019-10-06T11:20:00.000-03:002019-10-06T11:23:24.354-03:00Você é imperdoável.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvjNNk9wOpIVjfG8z1gvJk0uix7SH-RPheJoaANOWqzFoMPEnO9_kocsQbB3fGmf-xu-nHYOYIWD-R5g4sneY2S_QWoKdKYWTNYPC9RdDk26Ob3eMZHkssg73_CEQ92iPIlUXUHaVomtF/s1600/mario-gogh-ht3wT-QQvlE-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvjNNk9wOpIVjfG8z1gvJk0uix7SH-RPheJoaANOWqzFoMPEnO9_kocsQbB3fGmf-xu-nHYOYIWD-R5g4sneY2S_QWoKdKYWTNYPC9RdDk26Ob3eMZHkssg73_CEQ92iPIlUXUHaVomtF/s400/mario-gogh-ht3wT-QQvlE-unsplash.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Tudo está certo como dois e dois são cinco.<br />
Mas não pode haver perdão para o fato de que o jardim floresceu e você não estava lá para ver.sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-29139529095949693512019-08-09T18:53:00.002-03:002019-08-09T18:55:28.874-03:00Enxergar-se<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvBT7SsqyGpZDwLSzgsqCjDAOSEyvUnRK7lLv1cilTqrIMCFv69G4ZNeO8VSCDwXka4CDwm5ot-KXKCsfSsDkBaMltG2gETlpRtRnRl-JdcfeDRrOvJkwrnb3QFN77qcY6Is4XubqNM90/s1600/DSC_0105.NEF" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1072" data-original-width="1600" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvBT7SsqyGpZDwLSzgsqCjDAOSEyvUnRK7lLv1cilTqrIMCFv69G4ZNeO8VSCDwXka4CDwm5ot-KXKCsfSsDkBaMltG2gETlpRtRnRl-JdcfeDRrOvJkwrnb3QFN77qcY6Is4XubqNM90/s640/DSC_0105.NEF" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: right;">Canela, RS, meados de 2014.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Quanto tempo faz que você faz tudo aquilo que esperam de você?<br />
<br />
A pergunta que encontra a qualquer um desprevenido ecoa entre as paredes caladas. Retumbou até que meus ouvidos doessem e me obriguei a escrever de novo.<br />
Um lapso repentino na frente do espelho: tem valido a pena, meu bem?<br />
Procurei a resposta, mas as paredes suspendem o silêncio na eternidade.<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-3960281039182668832019-07-20T08:31:00.001-03:002019-07-20T11:50:32.823-03:00For Emma, always.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAKhyUKB6dr-OfKId3Mk2Yc8m40zrsiA06GjrX21YyMmPglvTgw6nlP4fGlle1z8bs4tFkcOXqTzploVDdGOv8WGdfPNpHxy_ynWP8ZwZjaArvdYCj7LTa57Bo_A9XNGLiAIFDtFHseFJ1/s1600/jordan-sanchez-u8tZwGAH6w8-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1068" data-original-width="1600" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAKhyUKB6dr-OfKId3Mk2Yc8m40zrsiA06GjrX21YyMmPglvTgw6nlP4fGlle1z8bs4tFkcOXqTzploVDdGOv8WGdfPNpHxy_ynWP8ZwZjaArvdYCj7LTa57Bo_A9XNGLiAIFDtFHseFJ1/s640/jordan-sanchez-u8tZwGAH6w8-unsplash.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Hoje acordei ouvindo as lamentações de Adele e pensei como já ouvi tudo isso antes, ao seu lado, os seus longos e lisos cabelos cúmplices. Tenho feito algumas centenas de reavaliações sobre a minha trajetória. Queria deixar claro que você não me escapou sequer um minuto, meu bem.<br />
<br />
Lembro-me de sua cara sonolenta pela manhã, quando fazia seu café amargo na cozinha da agência.<br />
Sempre nos amávamos à nossa maneira no chat, trocando toda a sorte de boas indicações de filmes, livros, músicas e confissões. Na ocasião, Adele guiava a nossa descoberta. Era também inverno e me lembro do calor que se desprendia de nossos corpos enquanto conversávamos no banco que beirava o rio, no crepúsculo dos dias. Você acendia os meus cigarros e eu, os seus. Os sorrisos vinham fáceis, cúmplices.<br />
<br />
Você se lembra, meu bem?<br />
Eu te contava as minhas dores e você os seus amores. Não era Thabata a moça dos olhos de ressaca?<br />
Não entendo como vocês não se casaram até hoje. Mas deve ser porque a vida precisa continuar o seu mistério e nós temos que aprender a respeitar a nossa alegre ignorância.<br />
<br />
Mas você suspirava ao falar dela e eu estremecia no banco, completamente entregue aos seus trejeitos. Sei que houve ocasiões em que eu poderia sentir um beijo invisível entre nós, era uma sensação quase táctil. Porém, nunca nos encontramos descompromissadas nesse banco da praça.<br />
<br />
Um ano mais tarde, você me recebeu em sua casa na véspera do vestibular. Como te explicar que nos desencontramos em uma noite tão propensa aos mais intensos pecados? Perdão. Eu recém havia me metido em uma enrascada, das grandes, e ensaiava fidelidade a alguém que jamais poderia me retribuir. Sei que desencontrei seus lábios propositadamente, mesmo tendo puxado seu corpo sobre o meu, rendida. Apenas queria que você soubesse que não foi uma tarefa nada fácil. Que ao relembrar aquele momento, ainda sinto, mesmo hoje, a verdadeira força dele me agitando a respiração.<br />
<br />
Para onde vão os sentimentos que a gente aprisiona? Ficam enclausurados dentro de nós e nos aprisionam a eles em uma espécie de <i>remember </i>eterno.<br />
<br />
<br />
<iframe allow="autoplay" frameborder="no" height="166" scrolling="no" src="https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/250553551&color=%23ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true" width="100%"></iframe>sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-9137177629739848832019-07-10T08:38:00.002-03:002019-07-19T13:41:42.377-03:00Mercúrio retrógrado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7m1s1gBxeqYPlANRCgA0XunswMPLH4WHnIYtgSukgJnTVakvo0VG_pYzC5hN1nv_q4yoiRb6usxfcCPC-LDaX0eRmyPEDD9OAcwHfgHnO0bsOkNTiXpfR3BlICzfVxhkR_EFH298147Tx/s1600/ariel-UIjcuxmoiZw-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7m1s1gBxeqYPlANRCgA0XunswMPLH4WHnIYtgSukgJnTVakvo0VG_pYzC5hN1nv_q4yoiRb6usxfcCPC-LDaX0eRmyPEDD9OAcwHfgHnO0bsOkNTiXpfR3BlICzfVxhkR_EFH298147Tx/s640/ariel-UIjcuxmoiZw-unsplash.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
Um feixe de luz solar adentra a minha janela, traz consigo o frio da temporada invernal que se repousa sobre a província. Vagarosamente eu me espreguiço e penso que se tem algo bom na vida de um desempregado é poder prestigiar esse momento tão único.<br />
<div>
Levanto-me então na calmaria e na ansiedade: um misto que abala minhas dimensões celulares desde a mensagem do aviso prévio indenizado. As mãos muito frias, as unhas muito vermelhas, os olhos muito azuis e a cabeça cheia de cabelos. </div>
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<br /></div>
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Após o banho e o demorado café, saio pedalando para o parque. Eu mesma e mercúrio retrógado.</div>
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Nunca entendi esse domínio que a força da vida faz exercer em alguns momentos sobre mim. Mas respeito quando ela me chama para resolver antigas pendências, quebrar velhos entraves e me abrir com essa matriarca que agora me ouve, sentada no banco da praça.</div>
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Poderíamos jogar xadrez, pensei tolamente. Mas sei que a vida nos reservou esse momento para uma grande faxina. Não sei que tipo de transformações virão especificamente. Ela pede que eu me expresse, que eu conte ao papel os amargos e adocicados da vida. Sempre pensei que as transformações aconteciam para aqueles que ouvem o tom do silêncio, nunca para aqueles que esboçam sonoras palavras. Mas não doeu, exatamente, ao verbaliza-la: cocaína.<br />
<br /></div>
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Finalmente me livrei do vício. Tive certeza.</div>
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<br /></div>
<div>
Não foi há sete ou oito anos, quando a grosso modo eu evitava entrar em banheiros públicos por conta do cheiro químico que me atiçava as narinas e fazia embrulhar o estômago de ansiedade. Não, não. Foi mesmo aqui, nesse espaço-tempo, onde poderia jogar xadrez com essa pessoa que ensaia toda a atenção ao que digo.<br />
<br />
- Cocaína. - E as palavras se dissiparam trêmulas.<br />
<br /></div>
<div>
Não senti mais aquela vergonha humana em minhas entranhas ou o suor frio de uma confissão. Agora posso até escrevê-la e rir-me dela. A mente até tenta pregar peças, diz-me que é arriscado escrever, o que será que podem as pessoas pensar a respeito? Dane-se diz meu novo ser, com olhos muito reluzentes. Os azuis de meu pai. Um dane-se e um muito grata.</div>
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sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-37495829185344608552019-06-30T08:15:00.000-03:002019-07-10T08:15:35.381-03:00A queda da torreEntão os passos cansados que me seguem até aqui finalmente descansam. E os laços - se algum dia existiram - se desataram rapidamente. Agora restam os escombros para limpar e o verdadeiro trabalho já começou.sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-86937720751924058462019-05-26T22:01:00.003-03:002020-07-07T10:14:10.444-03:00não disse o que queria dizer e a verdade é que não tenho nada a lhe dizer, Caroline. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4XgQuZ4-jly5LC_T34vhjzFyRkRH3W-XEE3bUY6-7u5SSR1YwX4kB64trBDMKQKjY6wHPmExFfUfuTsA7JntEmFACdKl4QFIEwJf2q_UYI1JtDEEdGK4dD1mlyPhp9LRXYKcf8aEeXAhS/s1600/kristina-flour-185592-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1600" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4XgQuZ4-jly5LC_T34vhjzFyRkRH3W-XEE3bUY6-7u5SSR1YwX4kB64trBDMKQKjY6wHPmExFfUfuTsA7JntEmFACdKl4QFIEwJf2q_UYI1JtDEEdGK4dD1mlyPhp9LRXYKcf8aEeXAhS/s640/kristina-flour-185592-unsplash.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Poucas coisas na vida me são verdadeiramente broxantes. Deixe-me reformular, eu sei das injustiças, da sujeira, do crime de colarinho branco, dos imundos hipócritas que hoje, exatamente hoje para não mentir, foram às ruas bradar apoio ao seu capitão - igualmente sujo e hipócrita, vale ressaltar. Estas coisas me são broxantes por demais. Não há dúvida.<br />
Mas o que quero dizer, devo dizer, se é que posso explicar: poucas coisas me são broxantes diretamente, além do fato de se nutrir afeto por político de estimação. Explico de novo para que você me entenda: estas coisas - as sujeiras do mundo - são do mundo e ainda que não tenha existido um pai em minha vida ou sequer um resquício de fortuna, herança ou qualquer facilidade - muito do contrário, só agressões em famílias, boletins de ocorrência contra irmão por um olho fechado na porrada que me dói na alma até hoje, abandono de segundo casamento maternal, traição e agressões de anos de padrasto e silêncio cúmplice de família machista e ou desinformada à época - ainda assim me considero muito sortuda por estar distante de boa parte das sujeiras mundanas. Mas este texto não é sobre a minha vida.<br />
<br />
Quero dizer, eu não preciso comer nada que já tenha ido ao lixo, não busco meu sustento em prostíbulos - e não há nenhum demérito nisso que escrevo, apenas sorte - não durmo e acordo na rua nem morro de frio abandonada em pleno inverno. Não, não. O que me é broxante é algo que me rodeia, eu que tenho muitos privilégios e não posso deixar de reconhecê-los por essa pequena parte que relatei nas linhas de cima. Sim, privilegiada. Ainda assim, nessa vidinha mediana - de novo sem desrespeito à vida, mas por reconhecimento da dificuldade alheias, medíocre então apenas por estar na média catarinense - nada mais que isso - deixo-me broxar por poucas coisas que habitam esse pequeno mundo.<br />
<br />
Não carece de tanta explicação, mas se não me manifestasse prolixa não seria eu.<br />
O que quero dizer, deixe-me começar de novo, nesse imbróglio, é que poucas coisas me são broxantes e realmente você assumiu o posto. Mas entenda que esse texto não é sobre você, nem sobre mero desabafo - isso porque jurei silenciosa e para mim mesma na intimidade do meu ser que não escreveria uma linha a quem não merece sequer uma palavra. Não, não. Esse texto não é exatamente sobre você, embora cá as circunstâncias da datilografia me levem a me deitar novamente sobre o que foi a sua passagem em minha existência.<br />
<br />
Esse texto é sobre palavras e encontros de estranhos, é sobre esse termo individualmente confuso e socialmente cortejado, atrelado à boa parte de relações superficiais mantidas por, concorde comigo, trejeitos socioculturais... esse olá, tudo bem? Essa mania incontrolável de "fazer contato", ser educado - mesmo quando não se almeja verdadeiramente -, mas por puro trato social, porque assim jogam as regras no tabuleiro humano e nós - peões que somos, porque todos são peões em algum momento, nem que seja na hora da morte - nos debruçamos cheios de árdua formalidade, maquiagem quase maquiavélica e funcional para nos dizer - a voz medíocre como todo o resto - "olá, como vai" sem sequer intencionarmos saber como vai o outro, de fato. Não há sequer temor por uma pergunta que já conhecemos previamente a resposta: "tudo bem e você?". Em alguns casos haverá, no máximo, "obrigado por perguntar", entre os mais aperfeiçoados da arte, no seu caso dissimulado - permita-me acrescentar. E você ousou me destinar estas palavras. Você fez isso, não bastasse tudo o que já havia feito - ousou cometer crime maior que é a declaração de que permaneceremos seres estranhos, avessos, indiferentes. Como se nunca houvéssemos nos olhado e tocado fervorosamente, alma contra alma, sua boca na minha, a língua e a carne úmidas em uníssono. Como se você não me dissesse, a contragosto, três anos depois que tudo o que vivemos foi uma mentira. As dificuldades que enfrentamos, para suprir um papel que você criou para não precisar me apresentar à sua família em um teatro ao qual eu me submeti com você, como mera coadjuvante, tão à mercê, ingênua e doente de ilusão. Não é possível - ou melhor, é sim, quando me lembro do trajeto dessa história e do seu papel de boa atriz - porém me é de direito exclamar que não é possível que até esse crime você tenha cometido!<br />
<br />
Tal foi a minha surpresa - não apenas pelo encontro inesperado, mas pelas suas palavras - pense em um broxar rompante - como uma verdadeira e inesperada chuva de verão mas sem a parte nostálgica das infâncias sorridentes - pense que para tal flecha sorrateira em meu peito apenas consegui murmurar "bom dia".<br />
Foi a maldita da educação que recebi de casa, gostaria de dizer que foi de minha mãe, talvez tenha sido, mas só consigo lembrar de minha 'vódrasta' muito generala - esposa de militar - a dar toda a 'boa educação' na base de tapas, puxões de cabelo e olho ardente. Foi essa maldita conduta social imposta em regime ditatorial que me fez responder tão injustamente àquela flecha em meu peito.<br />
<br />
Quando dei por mim, da injustiça que havia cometido comigo mesma por responder-lhe "bom dia", os olhos torcidos de verdadeira dor, imaginei mil outros encontros e mil outras respostas. Certeza de que nenhuma delas agradaria a você, mas seria um alívio vomitar toda essa náusea que sinto de quando vejo você dispor a outra pessoa tudo aquilo que me negou um dia, com todas as escusas e falas ensaiadas. Casamento na cidade alemã, passear com cachorro no parque, jantares românticos à noite e toda sorte de programa de verdadeiros namorados... vomitarei, por certo, antes de findar esse texto que também não tem a pretensão, absolutamente, de ser sobre você, volto a repetir.<br />
<br />
Repassei novamente em minha tela mental as discussões que criei para me abrir com um ser que jamais esboçou ou esboçará um pedido sincero de desculpas - porque você simplesmente não se importa - e não quero me fazer de magoada por aqui tardiamente. Eu tive um relacionamento abusivo, com uma figura completamente tóxica e manipuladora sem me dar conta disso e hoje me equilibro em meus porquês para amenizar minha sensação de culpa. Não, já se passou dois anos e não será agora que despejarei qualquer coisa sobre esse incidente que foi você em minha vida, tão visceral, falsa e imoral e vários outros adjetivos que deixo-a livre para completar.<br />
<br />
Não gosto de me demorar num texto que é sem amor e ainda em tom de broxe, mas não era bom dia que você merecia ouvir, não. Não. Penso que a resposta mais sincera e sensata seria: nenhuma.<br />
Não tenho verdadeiramente dentro de mim nada que valha alguma coisa para você, não tenho mais nada a lhe dizer a não ser tudo o que aí está e permanecerá no tempo como mais um dos rompantes amargos da vida e a cruel sensação de que seremos eternas estranhas, angustiando toda a má sorte de um reencontro.<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-9547976510930007702018-12-30T11:15:00.003-02:002018-12-30T12:09:28.638-02:00das vivências mundanas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/XDyV-T-yQUM/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/XDyV-T-yQUM?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
Após o ano de Saturno, esperava que ficasse mais suave. Mas a montanha russa continuou me levando por lugares terrosos incríveis, onde também tive a oportunidade de escalar picos exuberantes.<br />
Foi, sem dúvida, melhor do que eu esperava, ainda que não com a suavidade que eu tinha ingenuamente desenhado.<br />
O verão me mostrou o caminho do autoconhecimento e mergulhei profundamente nesse ser que ainda estou conhecendo. Teve direito a ritual de Pachamama e estudo de negócios, às vezes me esqueço a ordem dos fatos. Remexi minha caixinha de princípios, deixei alguns velhos conceitos caírem por terra, agradeci as novas entranças. <br />
<br />
O outono me presenteou com acesso à faculdade no tempo diurno, passei um tempo com alunos, descobri outros talentos e revivi outros tantos. Estreitei laços familiares e vi muitas pessoas afortunadas cruzarem o meu caminho. Aprendi com elas. No inverno, desperdicei bom tempo em processo de ignorância, lutei lutas que não eram minhas, pedalei morro acima literalmente. Depois me rendi e aceitei e então tudo mudou novamente. Eu não merecia menos.<br />
Mesmo tendo passado muita preocupação com boletos, conquistei minha primeira moradia <i>solita </i>e vivi dias realmente muito felizes, passei mais tempo comigo e estou me descobrindo dentro desse novo cenário desconhecido e pulsante. Lidei com gente ignorante de todo tipo, experimentei confrontar supostas autoridades, arrumei algumas inimizades e conquistei admiração de alguns íntimos - para validar toda a minha entrega. Na primavera, minha compreensão fez florescer um novo olhar, fiz campanha para ex-detentos, escrevi artigos que nunca serão publicados, coordenei uma equipe e tive a experiência interrompida em um momento de distração.<br />
Vi meu país escolher um representante que simplesmente não me representa e tenho certeza que não tardará para descobrir a m.que fez. Parafraseando a brilhante princesa Leia - porque esse momento foi vivido no Brasil antes que esse ano terminasse - vi a liberdade começar a desaparecer sob o som de um estrondoso aplauso. Sinto pelos bons que terão de pagar por esse erro, mas também sinto que para todos os fatos, não existem coincidências e erros. E espero aguentar firme e forte também nessa intempérie.<br />
<br />
Se têm razão aqueles que dizem que os trinta vêm acompanhados da crise, eu a vivi com temor e coragem simultâneos. Eu estive na direção, não me ausentei. Eu tomei as delícias e dores e ainda estou aqui. Posso me reconhecer mais forte, mesmo que meu ano só acabe quando outro começar. E não será agora, mas em fevereiro, nos meus esperados trinta e um. Para não cantar vitória antes do tempo, sei que ainda tenho medos e reconheço isso como objetos de batalha.<br />
Entre perdas e ganhos, estou aqui, viva, vibrante e com o pé torcido, no casulo mais quente que já experimentei (o verão me dilata as artérias e a vida vibra independente), sabendo que um outro amanhã logo vem aí. Sem covardia pelo desconhecido que me aguarda, porque sei que estou em boa companhia.<br />
<br />
Ainda bem que agora encontrei você, meu grande e pulsante coração.sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-80578894708360781752018-10-27T09:34:00.001-03:002018-10-27T09:34:15.711-03:00Pelo tempo que durar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/iy_pSTFUvJE/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/iy_pSTFUvJE?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<span jsname="YS01Ge"><br /></span></div>
<div jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<span jsname="YS01Ge"><br /></span></div>
<div jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<span jsname="YS01Ge">Nada vai permanecer</span><br /><span jsname="YS01Ge">No estado em que está</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">Eu só penso em ver você</span><br /><span jsname="YS01Ge">Eu só quero te encontrar</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">Geleiras vão derreter</span><br /><span jsname="YS01Ge">Estrelas vão se apagar</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em ter você</span><br /><span jsname="YS01Ge">Pelo tempo que durar</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">Coisas vão se transformar</span><br /><span jsname="YS01Ge">Para desaparecer</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em ficar</span><br /><span jsname="YS01Ge">A vida a te transcorrer</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em passar</span><br /><span jsname="YS01Ge">Pela vida com você</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">Geleiras vão derreter</span><br /><span jsname="YS01Ge">Estrelas vão se apagar</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em ter você</span><br /><span jsname="YS01Ge">Pelo tempo que durar</span></div>
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<span jsname="YS01Ge">Coisas a se transformar</span><br /><span jsname="YS01Ge">Para desaparecer</span></div>
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<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em ficar</span><br /><span jsname="YS01Ge">A vida a te transcorrer</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">E eu pensando em passar</span><br /><span jsname="YS01Ge">Pela vida com você</span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge"><br /></span></div>
<div class="UH8R2" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-top: 13px;">
<span jsname="YS01Ge">[Adriana Calcanhoto]</span></div>
sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-23144588069873485522018-06-08T19:51:00.005-03:002019-02-17T13:38:35.134-03:00a idade da razão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://lounge.obviousmag.org/ruinas/2013/03/24/camus-e-sartre-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="407" src="https://lounge.obviousmag.org/ruinas/2013/03/24/camus-e-sartre-3.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7J5Q0GmTW4-o9M6YFzs821qpn0EszntyDsyQJaut8-diTHT973dvANMEEiGPzkRtrT_pqhzwWcYCfMxeL99dNS3NGpcYuhnr2JF21OYh8OHF3e-BiCiruotzeuMF_L4HDiGCzKlhYs76N/s1600/camus-e-sartre-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="407" height="254" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7J5Q0GmTW4-o9M6YFzs821qpn0EszntyDsyQJaut8-diTHT973dvANMEEiGPzkRtrT_pqhzwWcYCfMxeL99dNS3NGpcYuhnr2JF21OYh8OHF3e-BiCiruotzeuMF_L4HDiGCzKlhYs76N/s320/camus-e-sartre-3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
hoje eu vejo bem,<br />
que não enxergava muito bem,<br />
que não faz sentido o que eu via<br />
quando te olhava.<br />
<br />
Olhava em ti<br />
o meu reflexo<br />
e me apaixonei.<br />
<br />
Quando, por fim,<br />
nos cerramos os olhos<br />
acordei em mim<br />
e hoje eu vejo bem<br />
que não enxergava muito bem<br />
você.<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-9688099878978133932018-05-21T17:22:00.001-03:002019-02-17T13:36:15.232-03:00saber perder<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm3H-lP-qcRBaNgZtomVKXdn_xsGw7GG6PNLOmvBIG2pJbjwZiY5cwe6UFM-06wDz1uz8Bfq2mFDJEHhmpO76V-bqn_Nv3uU01RXfnOIQVB7woZYN_EfRlJmKxK4n3edtInFPrwWkyc-YS/s1600/foto.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="691" data-original-width="691" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm3H-lP-qcRBaNgZtomVKXdn_xsGw7GG6PNLOmvBIG2pJbjwZiY5cwe6UFM-06wDz1uz8Bfq2mFDJEHhmpO76V-bqn_Nv3uU01RXfnOIQVB7woZYN_EfRlJmKxK4n3edtInFPrwWkyc-YS/s1600/foto.JPG" /></a></div>
<br />
Aos trinta descobri como é importante saber perder.<br />
Quiçá poder escolher o território onde se derrama a derrota.<br />
Eis a forma mais leve de repousar o rosto quente na terra úmida, cheia de rendição.<br />
<br />
Quando se aprende a perder,<br />
você também tem a ganhar.<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-51533903292656358392018-04-02T20:08:00.003-03:002019-08-02T17:13:47.385-03:00sobre a vida acadêmica e fazendo o caminho contrário<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz8Mv-3Ky4-EuZYqRvgl2angEA_cRj2WNblzSxq58YzrIr-KQ1p1l532pL4zkzbVhyevIyJlTyHpnGVGonQon-Ee8Plaa3Rdm3o-HXcMAQSK9qbYEYsozMUnQGjz3ESbkYYV6_paVIr0Yi/s1600/Escrita-criativa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="294" data-original-width="860" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz8Mv-3Ky4-EuZYqRvgl2angEA_cRj2WNblzSxq58YzrIr-KQ1p1l532pL4zkzbVhyevIyJlTyHpnGVGonQon-Ee8Plaa3Rdm3o-HXcMAQSK9qbYEYsozMUnQGjz3ESbkYYV6_paVIr0Yi/s640/Escrita-criativa.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
lê, relê e traduz.</div>
Escreve, apaga, recorta<br />
cansa de tanta exaustão.<br />
engole em seco<br />
retoma,<br />
revolta,<br />
retira-se<br />
(...)<br />
treme a perna e tamborila os dedos,<br />
as xícaras de café se acumulam<br />
o pó amargo está acabando<br />
compra um maço de cigarros<br />
<br />
Toma uma ducha,<br />
se arruma e vai ouvir os adolescentes risonhos<br />
volta, refaz, sai às pressas<br />
<br />
todos os dias<br />
adormece e amanhece<br />
fazendo tudo de novosweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-82005796033213394132018-02-07T09:37:00.000-02:002018-02-21T09:38:11.554-03:00Sobre os meus 30 anos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/4GFtjl6Gsjk/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/4GFtjl6Gsjk?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-13115731530578858912017-12-27T22:20:00.002-02:002017-12-27T22:42:55.222-02:00o ano de Saturnoverdade que você não foi nada fácil<br />
e ainda assim, foi necessário em minha vida.<br />
gratidão, Saturno.<br />
Vejo-o lá de cima:<br />
e as estrelas não estão mais órfãs.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/4NAZV4MhSOo/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/4NAZV4MhSOo?feature=player_embedded" width="320"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-17450942360473674752017-12-15T21:23:00.000-02:002020-05-09T09:18:49.018-03:00A despedidaquando dou por mim, vinha seguindo a mesma via vã<br />
não dou mais dois passos, disseram-lhe meus olhos despertos<br />
e quando, por fim, ela entendeu,<br />
deram-se as minhas espáduas livressweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6152418413200852531.post-65881350799022043912017-12-09T09:37:00.000-02:002017-12-09T09:37:01.319-02:00Inunda e transborda, redundante e éO tempo passa à sua maneira e nunca ele foi tão presente quanto hoje.<br />
Nenhuma água parada, só as torrentes que jorram livres e frescas.<br />
Vou-me para a água corrente, porque sei que nem mesmo a água da fonte é a mesma quando já desceu o córrego do ser.<br />
Inundada, resfriante e viva. Eis o presente que é dádiva e umedece ainda mais a saliva quente.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/0O5P7VD_UYY/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/0O5P7VD_UYY?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
<br />
<br />sweetsiriushttp://www.blogger.com/profile/05906765504926568984noreply@blogger.com0