sexta-feira, 23 de julho de 2010

Há vezes em que

uso o silêncio para pronunciar teu nome, há vezes em que escrever é mesmo oculta-lo entre palavras livres, mas eu nem me lembro mais de como é isso. Fujo ao certo porque o errado me absorve e nessa estória de amar sem sofrimento chove. Chove muito. Uma chuva que transborda a alma, os olhos.


Lá fora também. Chove como em todos os meses de julho, as pessoas, lembro-me como se as tivesse na frente dos olhos agora, se amontoam nos supermercados, nas panificadoras, nos estacionamentos, se assemelham enquanto disputam um lugar seguro da chuva, irremediavelmente próximas durante minutos.
 Então digo-lhe que tenho algo para ser entregue, algo que é mais teu do que eu. Mas você não pode me responder porque não foi solicitada, você já não existe, não é? É fruto do meu esforço diário por te resgatar intocável no pensamento.
Se eu contasse as vezes as quais juro que estou falando contigo quando já não estás, perderia a conta nesse mundo das significações. Entretanto não se quer ouvir, esse tipo de comentário, se ignora, a contagem dos dias que nos faltam para então o nada é idéia a qual abandona-se, deixa-se estar.

Tudo é facilmente corrompido em meu corpo, salvo você. O resto, sim, é esquecido, a cidade, as pessoas, as ruas que dão em ruas e o vazio esparso entre elas, salvo você.

Entretanto chove e isso me é como uma verdade eterna maior do que sua ausência nos meus dias. Não queria declarar que estas palavras me saem despercebidas, disparadas por vontades contrárias mas penso que é como os relâmpagos que chegam urgentes e são vistos no reflexo da minha janela, como se fossem respostas remanescentes para tanto descaso.

Sei que é nesse ricochetear provisório que tu adentras o quarto.

sábado, 10 de julho de 2010

Por isso é que te escrevo

Existem variados motivos para te agradecer agora, mas a vista daqui de cima é tão grandiosa que fez meus olhos estranharem essa luminosidade que sobe da cidade à noite e acabei deixando as palavras de lado quando meu corpo já não fazia questão de lembrar o toque na pele de outro alguém. Contudo, sei que você me observa, com o canto do olho e mal disfarçadamente, você me mantém fixa nessa cena e estremeço só de pensar no que você pode estar pensando agora que tudo o que nos encobre é o reluzir das estrelas no firmamento. Então espero, silencio, espero e você me chama, diz olhe, eu vejo. Afirmo que não distinguo uma constelação de outra e digo a mim mesma que eu não poderia ter menos jeito de te tratar do que já tenho, sorrindo baixinho explico que é por causa dessa luminosidade que fico tão atrapalhada.

Digo, acima de nós existe mais vida, e você ri dessa minha pequena loucura inocente. Digo-lhe em pensamento, esperando que você tenha desenvolvido algum tipo de telepatia, que o que não existem são palavras certas, frases de impacto resoluto, que eventualmente poderiam te explicar quão agradecida fico diante dos pequenos prazeres da vida vindos dos amigos repentinos, que me contam estórias da história e me fazem perceber sobressaltada que isso é maior do que tudo o que tem me acontecido ultimamente.

Eu não sei até onde vai essa estrada, mas eu a conheço como a palma da minha mão, já que tenho andado nela tempo suficiente para saber levantar rápido depois de um tombo feio. Não tenho medo de dizer que também não vai dar em nada, de errar afirmando ou supondo coisas que não me cabem, não. Tenho é medo apenas e tão apenas de sair distraída mundo afora esquecendo-me de agradecer quem tem me esbarrado com tanta graça e sorriso espontâneo.  Por isso é que estas palavras que escrevo intuitivamente são tuas, e para isso te poupo até de ter que desenvolver telepatia...


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Enquanto isso, na enfermaria, todos os doentes estão cantando sucessos populares.
Sucessos populares...


[mais do mesmo - legião urbana]