sexta-feira, 12 de abril de 2013

querido amigo,


por favor torne a escrever.
Já faz meses que a gente se falou a última vez.
Não é preciso dizer nada espetacular, mas é preciso que você me diga que ainda está aí.
As coisas aqui, sem você, não são as mesmas, jamais seriam.Acho que pelo menos uma vez por semana eu me questiono o porquê de levar uma vida morna. Sinto como se estivesse sempre prestes a uma mudança radical, mas penso muito em minha mãe. Penso como a amo de verdade e como ela iria encarar a estória.
Sabe o McCandless? Então, penso em algo do tipo. Sinto uma falta absurda de sentar no banco da praça e fumar aquele cigarro contigo, tendo todo o tempo do mundo no cair da noite. Sinto falta do nosso abraço eterno, do nosso cheiro, dos nossos livros, de nossos corpos magros se rendendo ao cansaço da extrema  poesia.
Na real não sei o que falar quando tudo em mim é só saudade. No fundo, tô sendo extremista. Há muitas coisas boas acontecendo também. A gente tem uma tendência suicida de achar tudo ruim quando algo não está bem. Desculpa, vai. Não há orgulho nenhum nisso. Hoje tô saindo pelas ruas, acendendo todos os cigarros do mundo. Tô explodindo. Tô morrendo os meus dias.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

eu tive um sonho, que era apenas um sonho


Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

[Olavo Bilac]