quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Please sleep softly, leave me no room for doubt...

domingo, 5 de janeiro de 2014

à existência.

- Quase casei-me.
- Era o que queria?
- No princípio, sim. Havia convicção.
- Era o que queria a moça também?
- No princípio, não.
- Hum. Encontros e desencontros.
- Isso.
- E agora?
- Agora o quê?
- Como se sente?
(...)
- Sinto que não sinto mais nada. Eis o vazio.
- Sente vazio por tê-la perdido?
- Não é verdade, nunca a perdi. É que nunca nos encontramos. No amor raramente nos olhamos simultaneamente, de modo geral. Creio que aconteceu uma única vez, com outra pessoa. A esse fato dá-se a ideia da exclusividade, do sagrado, o amor único vivido. Todos os outros são subjugados por este acontecimento.
- Compreendo tudo. Concordo. Embora seja um erro. Basta encontrar quem esteja aberto para olhar enquanto olhas também. Reconheço, entretanto, a dificuldade dessa dança.
(...)
- Creio ter experimentado um relance desse encontro nos olhos de um novo alguém. Mas não é verdade, equivoco-me adestradamente.
- Gostaria que fosse?
- Gostaria que tivesse sido.
(...)
- Para livrar o primeiro amor da responsabilidade de ser único?
- Não sei. Sei que gostaria que nos tivesse sucedido. Senti-me tão próxima, como nunca antes. Mas a gente nunca sabe ao certo o que sente o outro. Pode ser que vagou longe, na lembrança de seu primeiro amor e não no meu olhar.
- Está profundamente magoada?
- Não sei. É o vazio. Talvez nunca suceda outra coisa que não o desencontro amoroso na minha vida.
- Não é verdade, há muito tempo ainda...
- É o que você diz.
- E você, o que diz?
- Não sei. Que  somos feitos de erros. Milhões deles. Nunca estaremos certos. Nunca.
(...)
- Nunca.