sábado, 9 de abril de 2011

Depois do Começo.

Eu tinha sentido, eu tinha captado essa palavra que tu não reinventavas, que estava ali, que se fazia presente no discurso dos olhos controlados.
Eu tinha percebido entre os odores do teu corpo maciço e as tuas mãos insistentes. Não obstante eu te disse não te reinventes à minha frente, mas quando durmo. Porque acordar de manhã e ter estes olhos já mudados é de certo a ti como a mim desolador, mas mil vezes mais aceitável que vê-los mudar diante das mãos, impalpáveis e certeiros.
Não importa o quanto tu experimentes, o quanto eu te queira mostrar, estamos já tão distantes nesse abraço caloroso que chegar mais perto é inevitável.
Veja que é abril, veja como eu enxergo, como deve ser visto. Olha com estes olhos meus. Lembra-me muito quando eram dela todas a minhas palavras de amor, de quando nossos corpos se amavam na urgência da vida, faz-me querer isto de novo sempre.
E é abril de novo, só por isso vou sorrindo meus dias inteiros...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Souvenir de abril.



Nem te disseram, os olhos estúpidos, quem estava lá te observando. Nem finas margens de lembranças ressaltaram as ondas do teu pensamento, nem fixaram as pétalas das flores no teu ar o cheiro de quando eu estava lá. De forma que nada te toca sem que peças por favor. Nada te preenche nem alcança sem que realmente o queiras. E assim posso ser passageira tanto para ti quanto rápido quiseres que o seja.

Atravesso a cidade inteira sozinha, dando espaço a esse vazio que fica depois do prelúdio dos amantes histéricos, permitindo que a curva do rio afogue as marcas da tua pele em meu corpo, que o cheiro e o sabor da tua boca seja gasto em cada cigarro aceso, que os nimbos acinzentados inundem os meus olhos aflitos.
É assim que se morre segura e esquecida, um pouco a cada dia...