quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

L'age de raison



Vou guardar estas palavras para quando você precisar delas.
Estão escritas aqui para quando você se sentir só. Este lugar é seu.

O tempo passa e as marcas aparecem no rosto, mas, parafraseando Duras, sempre achei que aos 18 já era tarde demais – então nada a temer com mais estes dez sobrando.
O fato é que sempre considerei que a minha vida teve um percurso alterado, que ela foi atrasada sob muitos aspectos, roubada de si. Não sei como isso aconteceu ou porquê. Não é por mera desculpa que estou sempre pensando que de alguma forma atrasei a minha vida. Em cada novo percurso que lanço meus pés, só me dou mais por conta disso e caminho com certa pressa, recebendo inevitavelmente o abraço do tempo que me amadurece taxativamente em cada etapa. 

Eu conheci a Jean Paul Sartre ainda em meus dezoito. Seu existencialismo me matou porque me tornou mais humana em nossa medíocre e poética-paradoxal existência. Até ali eu não tinha consciência dessa angustia existencial porque havia encoberto com a rotina que me empurraram. A Idade da Razão finalmente me alcançara.

Mas eu tenho uma luz em minha vida, chegada não vi de onde. Só sei que sempre estive nesta espera e ela só findou com aquele olhar peculiar de Capitu. Não sei até onde perdurará este brilho de aconchegante familiar, mas aqueço as ansiosas mãos ao passo que também a protejo da brisa lá de fora. Estou na primavera de minha vida ou estou entretida na caverna de Platão, protegendo a tocha de fogo rústica que mantém acesa a minha vida. Sei que tem uma profunda e desconhecida ligação com quem eu sou, com o que vim fazer aqui.
E não há nada mais pitoresco e humildemente redentor que meu coração em chamas submerso em uma gratidão que nem consigo expor ou desenhar nas paredes desta caverna.


Gostaria que você notasse o meu sorriso bobo por brincar com este fogo. Saberia que pela segunda vez na vida estou hipnotizada e que pela primeira vez sinto que é um começo de algo maior do que posso prever,  que por ora me escapa aos olhos vidrados da imaginação.