sábado, 15 de outubro de 2011

Aí eu disse quem tem medo é você.



-Mas veja, garota, já tudo é tão pequeno nessa cidade, tudo é tão estreito, tão aprisionante, que a gente vai percorrendo todos os espaços do corpo numa histeria que dura uma eternidade.

-E não se pode correr adiante, depois desse limite de espaço.

-Então você voa, voa longe com o pensamento. Você escolhe de novo dar essas mãos ao vento. E é o vento que te leva pra longe.

-De novo com essa estória de voar?

[tempo]
Penso, depois respondo:

- de novo, querendo inventar vida nova.

- Você nunca está contente com nada, eita egoísmo! Vai acabar sozinha. Não tem medo, não?

-Medo de quê, cara?

-De ninguém te aceitar com essa liberdade toda, de ficar sozinha.

- De ficar sozinha, não. Tenho é muito medo de não ser feliz.
[...]

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

hoje você vai GRITAR aqui dentro.

Hoje, cada célula do meu corpo ecoa teu nome, o som que esse nome produz, o frêmito dessa impaciência, da cólera advinda da saudade.
Estou sempre aguçando essa falta em mim.
Serei ainda mais profunda para atingir a realidade, pendendo ao real romantismo colerizado que hoje me assola.
Cada extremidade do corpo reproduz essa saudade, replica essa memória que guardei salva da mudança dos dias.
Essa proporção toda, essa memória incandecente que flui livre e contínua transborda dos meus olhos para fora, dos meus ínfimos poros, de toda a epiderme e o corpo, assim aos gritos, dói. Dói como dói uma laceração qualquer ali no joelho da criança que caiu, lá no braço do rapaz acidentado. Dói como uma célula rebelde que cresce anormal e pegajosa. É como a crença na dor, como ela faz doer, com essa capacidade mortal.
É essa dor que me leva de volta a você, essa dor da saudade é o ponto de partida.

Hoje, dominada por essa dor, ando nostálgica, tropeçando nas palavras, nos paralelepípedos da cidade, ali onde tantas vezes quase acidentada, tornei a viver.
Dessas emoções sou escrava, sou de novo liberta e torno a aprisionar o que em mim agora acontece pouco: é esse riso trêmulo e solto que a boca dá, quando o corpo ainda repete os fantasmas do passado.

domingo, 2 de outubro de 2011

um abraço teu faria meu mundo ruir agora.