sábado, 10 de julho de 2010

Por isso é que te escrevo

Existem variados motivos para te agradecer agora, mas a vista daqui de cima é tão grandiosa que fez meus olhos estranharem essa luminosidade que sobe da cidade à noite e acabei deixando as palavras de lado quando meu corpo já não fazia questão de lembrar o toque na pele de outro alguém. Contudo, sei que você me observa, com o canto do olho e mal disfarçadamente, você me mantém fixa nessa cena e estremeço só de pensar no que você pode estar pensando agora que tudo o que nos encobre é o reluzir das estrelas no firmamento. Então espero, silencio, espero e você me chama, diz olhe, eu vejo. Afirmo que não distinguo uma constelação de outra e digo a mim mesma que eu não poderia ter menos jeito de te tratar do que já tenho, sorrindo baixinho explico que é por causa dessa luminosidade que fico tão atrapalhada.

Digo, acima de nós existe mais vida, e você ri dessa minha pequena loucura inocente. Digo-lhe em pensamento, esperando que você tenha desenvolvido algum tipo de telepatia, que o que não existem são palavras certas, frases de impacto resoluto, que eventualmente poderiam te explicar quão agradecida fico diante dos pequenos prazeres da vida vindos dos amigos repentinos, que me contam estórias da história e me fazem perceber sobressaltada que isso é maior do que tudo o que tem me acontecido ultimamente.

Eu não sei até onde vai essa estrada, mas eu a conheço como a palma da minha mão, já que tenho andado nela tempo suficiente para saber levantar rápido depois de um tombo feio. Não tenho medo de dizer que também não vai dar em nada, de errar afirmando ou supondo coisas que não me cabem, não. Tenho é medo apenas e tão apenas de sair distraída mundo afora esquecendo-me de agradecer quem tem me esbarrado com tanta graça e sorriso espontâneo.  Por isso é que estas palavras que escrevo intuitivamente são tuas, e para isso te poupo até de ter que desenvolver telepatia...


3 comentários:

Unknown disse...

Por um texto assim, podes até deixar de lado a clarice (dossiê)...

Anônimo disse...

você é sempre muito bondosa.

Edmar Souza Júnior disse...

Depois desse texto ainda me questiono, quem é mesmo essa Clarice Lispector?