-Mas veja, garota, já tudo é tão pequeno nessa cidade, tudo é tão estreito, tão aprisionante, que a gente vai percorrendo todos os espaços do corpo numa histeria que dura uma eternidade.
-E não se pode correr adiante, depois desse limite de espaço.
-Então você voa, voa longe com o pensamento. Você escolhe de novo dar essas mãos ao vento. E é o vento que te leva pra longe.
-De novo com essa estória de voar?
[tempo]
Penso, depois respondo:
- de novo, querendo inventar vida nova.
- Você nunca está contente com nada, eita egoísmo! Vai acabar sozinha. Não tem medo, não?
-Medo de quê, cara?
-De ninguém te aceitar com essa liberdade toda, de ficar sozinha.
- De ficar sozinha, não. Tenho é muito medo de não ser feliz.
[...]
3 comentários:
Dialogando em prosa??? gostei!!!
Quando só existe em seu eu um único sinônimo de liberdade, pessoal e irrevogável, pouco desta terás.
Nesses casos, nessa urgência que grita e afasta tudo que é vivo ao seu redor, melhor mesmo... melhor mesmo é não ter mãos que segurem as suas.
Sua frustração vai além de você.
quando se tem em si o direito que se arroga, todo esse ser vibrando nessa sintonia, dá-se a tão esperada liberdade, torna-a palpável e verdadeira.
E mesmo que seja isto o mínimo que pode-se obter, em em raras vezes, é o mínimo que se espera conseguir, partindo do presuposto de que é isto que se almeja atingir, estando esse ser de mãos dadas ou soltas.
Eis a opinião formulada, essa que é uma das liberdades que poucos dispõem conscientemente, e pronto: concede-se e obtém-se parcial ou completa liberdade, posto que para tê-la é preciso praticá-la.
Postar um comentário