Fico nessa paz vazia, nesse canto amuada, tecendo uma hora, um encontro, um papo perdido entre a hora de acordar e dormir. E as bebidas proibidas, e os cachimbos com a fumaça se perdendo no espaço-tempo, parados, extintos nas vontades impecáveis da juventude perdida dia-a-dia, e toda aquela familiaridade de doer no peito quando um deles olha para mim e vê a impossibilidade de me arrastar até onde estão, até a terra-do-nunca e a minha aflição se perdendo em fogo-de-brasa dentro daquilo que me toma sempre: a falta de percurso.
E eu canto solitária da minha janela oposta, eu peço venham falar comigo, eu digo baixinho, eu grito emudecida, eu extravio o que estou fazendo, joguei meus papéis ao vento.
de repente é ela quem me avista.
Nos seus olhos eu perdi o foco, a palavra dita, precisei escrever pra retornar ao que fazia, mas esse nada-cada-vez-mais-vazio ainda vai me matar.
Esses romances, essas dádivas em visão, sim, visão, imagem, ilusão perpétua que me conduzem a um constante esquecimento do que vim fazer aqui nunca são nada além dessa tristeza de não os ter, possuir, membrana a membrana, célula-tronco do meu ser em expansão, estes amores são estas mesmas xícaras de café isoladas, estas que ao acabarem empoeiram-se fracamente como aquela velha mobília herdada na minha família.
Então me digo todo dia, nesse espelho soturno batido, que mais um olhar na direção deles me matará subitamente. E é tão certo que algum dia hei de parar, de abandonar, de não mais adornar-lhes as feições com esse meu sorriso bobo.
[...]
- Ah, eu jogando palavras ensaiadas não presto pra nada. É certo que parte do que vim fazer aqui é perder-me, ainda que sofregamente nos semblantes destes dois e eu já não digo nada.
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