Não é segredo que ela poderia estar com qualquer um, mas antes só que mal acompanhada. Ainda assim, hei-la a dar voltas.
Eles sabem que não se olham, entretanto. Não há equidade. Por isso ele pigarreia, embriagado. Ela, sóbria, olha a lua que estremece e pensa, viaja em pensamento.
De repente teve dó de uma parte do mundo: aquela que poderia se assemelhar a ela, acompanhada e sozinha.
[...]
Um sonho ainda é muito pouco para dar cabo de tanta saudade.
Saudade.
Esquisito como a unicidade da palavra não conforta o nódulo seco na garganta.
É, é isso. Nenhuma outra palavra, nenhum outro sentimento. Saudade, como ela diz, pronunciado ao vento, assim com essa dor de atravessar o peito. Como poderia ouvi-la falar agora, desejosa e cálida, materializada ali ou em qualquer lugar verdejante. Saudade e rendição, exatamente como ela repetiria:
- Saudade e rendição.
Um comentário:
Muito bom, como sempre.
Escrever lava mesmo a alma, pode-se até embriagar-se de letras, nunca é demais.
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