sábado, 2 de maio de 2015

Carta a você.


Tive uma vontade enorme de te chamar para um reencontro. Sentar na praça contigo, esbanjar sorrisos enquanto os dedos das mãos se movem tímidos. Poderia ser uma mesa de bar. Um café para mim, uma Heineken para ela, por favor garçom – e frases do tipo.
Sentar à margem do rio já bastaria. Poderíamos conversar por horas ou olhar-nos por alguns minutos e permanecer em silêncio nos momentos subsequentes. Pouco importaria se choveria no dia seguinte, quem quer saber do tempo é porque se perdeu entre um verbo e outro e isso não nos cabe de nenhuma maneira. Ao menos nunca nos coube.
Queria mesmo saber quem é você e por onde anda. O que tem feito de sua vida. Poderia contar um bocado da minha, caso você desejasse.

A verdade é que essa vontade lateja em mim há bastante tempo. Isso porque mudei a ótica do amor que dizíamos sentir. Mudei muitas coisas, aliás. Outras conjeturas me ocupam a mente, confesso, mas retomar a algumas perguntas não respondidas me traria clareza aos dias atuais – para parar de amontoar dúvidas e libertar a vida disso. Pensei também no seu lado, será que não lhe faz falta alguma a ausência de porquês? Não para retomar qualquer coisa – não, nada disso. Mas para limpar esse amontoado de perguntas que empurramos aos cantos da vida.

Eu não tenho mais o seu telefone. Tampouco e-mail. Há um, é verdade, mas creio que você não responde mais nele.
Se algum dia você vir aqui e ler isto, e intuir que é para você, por favor me chama em off. Deixe seu telefone. Pode deixar uma nota ou até uma flor na minha varanda. Na janela, sabemos, você jamais viria. Mas sem muito: apenas você e suas desculpas conhecidas. Já é tudo ensaiado, tudo esperado.

Apenas o que não se espera é que você reconheça nisso um convite. Por isso esclareço: é.

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