domingo, 1 de outubro de 2017

para começar de novo

Se eu retomar a escrita, será esta a minha terapia.
E no mundo não há outra forma de me encontrar comigo mesma que não desta escrita-confissão.
Aprendi com um grande amor que todos os sentimentos se encontram livres nas entrelinhas e senti sede disto como se tivesse percorrido todos os últimos anos em pleno deserto.

Escrevo da última vista que tenho desta janela. A última dentre as últimas, e a mais singular.
A mulher que foi engolida pela roda da vida se rende mais uma vez à impermanência.

As mudanças são gigantes embrutecidos, robustos, ignorantes ainda.
Mas há de nascer, é verdade, e tenho as estrelas no firmamento, aquela que emerge das águas de temporais.
Se a face ilumina o sabor do sal que escorre, e o pranto encobre a vista, mesmo assim, a bússola que se forma é a guia para a jornada dentro da mulher que escreve.

É preciso que se diga, som emudecido e eloquente:
- há de nascer, não sei quando, há de nascer aquilo que ainda resiste, sobrevivendo entre os escombros, esgueirando-se na direção do sol.




Nenhum comentário: