E no mundo não há outra forma de me encontrar comigo mesma que não desta escrita-confissão.
Aprendi com um grande amor que todos os sentimentos se encontram livres nas entrelinhas e senti sede disto como se tivesse percorrido todos os últimos anos em pleno deserto.
Escrevo da última vista que tenho desta janela. A última dentre as últimas, e a mais singular.
A mulher que foi engolida pela roda da vida se rende mais uma vez à impermanência.
As mudanças são gigantes embrutecidos, robustos, ignorantes ainda.
Mas há de nascer, é verdade, e tenho as estrelas no firmamento, aquela que emerge das águas de temporais.
Se a face ilumina o sabor do sal que escorre, e o pranto encobre a vista, mesmo assim, a bússola que se forma é a guia para a jornada dentro da mulher que escreve.
É preciso que se diga, som emudecido e eloquente:
- há de nascer, não sei quando, há de nascer aquilo que ainda resiste, sobrevivendo entre os escombros, esgueirando-se na direção do sol.
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