domingo, 30 de dezembro de 2018

das vivências mundanas



Após o ano de Saturno, esperava que ficasse mais suave. Mas a montanha russa continuou me levando por lugares terrosos incríveis, onde também tive a oportunidade de escalar picos exuberantes.
Foi, sem dúvida, melhor do que eu esperava, ainda que não com a suavidade que eu tinha ingenuamente desenhado.
O verão me mostrou o caminho do autoconhecimento e mergulhei profundamente nesse ser que ainda estou conhecendo. Teve direito a ritual de Pachamama e estudo de negócios, às vezes me esqueço a ordem dos fatos. Remexi minha caixinha de princípios, deixei alguns velhos conceitos caírem por terra, agradeci as novas entranças.

O outono me presenteou com acesso à faculdade no tempo diurno, passei um tempo com alunos, descobri outros talentos e revivi outros tantos. Estreitei laços familiares e vi muitas pessoas afortunadas cruzarem o meu caminho. Aprendi com elas. No inverno, desperdicei bom tempo em processo de ignorância, lutei lutas que não eram minhas, pedalei morro acima literalmente. Depois me rendi e aceitei e então tudo mudou novamente. Eu não merecia menos.
Mesmo tendo passado muita preocupação com boletos, conquistei minha primeira moradia solita e vivi dias realmente muito felizes, passei mais tempo comigo e estou me descobrindo dentro desse novo cenário desconhecido e pulsante. Lidei com gente ignorante de todo tipo, experimentei confrontar supostas autoridades, arrumei algumas inimizades e conquistei admiração de alguns íntimos - para validar toda a minha entrega. Na primavera, minha compreensão fez florescer um novo olhar, fiz campanha para ex-detentos, escrevi artigos que nunca serão publicados, coordenei uma equipe e tive a experiência interrompida em um momento de distração.
Vi meu país escolher um representante que simplesmente não me representa e tenho certeza que não tardará para descobrir a m.que fez. Parafraseando a brilhante princesa Leia - porque esse momento foi vivido no Brasil antes que esse ano terminasse - vi a liberdade começar a desaparecer sob o som de um estrondoso aplauso. Sinto pelos bons que terão de pagar por esse erro, mas também sinto que para todos os fatos, não existem coincidências e erros. E espero aguentar firme e forte também nessa intempérie.

Se têm razão aqueles que dizem que os trinta vêm acompanhados da crise, eu a vivi com temor e coragem simultâneos. Eu estive na direção, não me ausentei. Eu tomei as delícias e dores e ainda estou aqui. Posso me reconhecer mais forte, mesmo que meu ano só acabe quando outro começar. E não será agora, mas em fevereiro, nos meus esperados trinta e um. Para não cantar vitória antes do tempo, sei que ainda tenho medos e reconheço isso como objetos de batalha.
Entre perdas e ganhos, estou aqui, viva, vibrante e com o pé torcido, no casulo mais quente que já experimentei (o verão me dilata as artérias e a vida vibra independente), sabendo que um outro amanhã logo vem aí. Sem covardia pelo desconhecido que me aguarda, porque sei que estou em boa companhia.

Ainda bem que agora encontrei você, meu grande e pulsante coração.

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