segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Quebranto e Equidade"

Faz o maior barulho lá fora e som que chega até mim vai quebrando cadeias celulares sem muito esforço. Observo nesse instante a parte que em mim é uma constante, e ela desenha teu contorno em meu rosto. Seguro-me nela sentindo-me de repente muito pequena e recosto a cabeça no banco do ônibus.Vou mantendo o teu cheiro na lembrança até conseguir afastar todo o resto que não me cabe. Sustento ainda essa parcial solidão, esse vazio que me preenche quando já não estás. Então chega afebre invariável e torna iníqua toda a cena. Vejo-me desmanchar entre o gotejar da chuva no vidro, são fragmentos dos meus sonhos com você que se despreendem sofregamente da janela. Saio andando sem rumo, sento-me na companhia de estranhos. Eles dizem um amontoado de não-sei-o-quê e só isso. Tudo premeditado. No fundo eu sabia que ninguém diria qualquer palavra de conforto.
Por isso mesmo é que eu estava lá sem você.

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