domingo, 20 de junho de 2010

Quando penso na noite de ontem,

fico paralisada por tanta concorrência. Revejo os corpos nessa tela mental e todos me parecem muito mais vorazes, desesperados em sua volúpia. Lembro sem dificuldade dos risos, das curvas que se movem nessa fome implacável por outrem, esperando em seu silêncio que um beijo aconteça como acontece o olhar lascivo de uma noite de sábado. Escolher é que é coisa difícil, quando esse olhar vem de todas as direções.

Ao fim de tudo, sempre escolho errado.

Você vem, faz boca e sorriso, faz corpo com corpo, dança e me faz dançar essa melodia de erotismo. Você olha nos olhos com igual ardor e uma onda de calor inunda os órgãos internos até que a pele do rosto adquira esse tom avermelhado característico. Você acha graça e não acredita que ainda estou me segurando.
Acontece que há coisa que ultrapassa segurar, manter, resistir: depois de várias tentativas você obtém aquilo que deseja, quando por fim meu corpo está febril, você sorri. E me rouba um beijo. Com insistência meus lábios se perdem, imaginam outro alguém, e você sorri. Acredita mesmo que estou ali, que me rendi ao seu encanto.
 Depois você crê, materialmente e sem pudor, que pensarei em você no dia seguinte, que lembrarei cada detalhe dessa madrugada fora de mim, é o que diz a si e aos que estão em volta.
Então o sorriso me ocorre, te digo baixinho no canto do teu ouvido, segurando firme teu corpo junto ao meu para que continues acreditando que és a melhor das possibilidades da noite, digo que se penso em você logo é porque você pensa em mim.

É a lógica intrínseca da vida, o inevitável, meu bem.

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