sexta-feira, 4 de março de 2011

sobre tudo e nada.

É verdade que ainda não desfiz teus passos pelo quarto. Ainda não recolhi a roupa que foi tua temporariamente, não juntei teus cabelos caídos, ou expulsei teu perfume que teima em presença sobre o travesseiro e me debocha.
Ainda não desfiz essas malas de idéias, nem de horrores dessas brigas tão inúteis. E tampouco abri a janela pra espalhar esse meu desassossego que me mutila minuto a minuto. Não lavei essa minha cara de desordem, nem tirei teu gosto do que me é mais íntimo no corpo - algumas marcas viram tatuagem, não é?
Quando você se foi fiquei como que estável, paralisada nessa minha rotina de não-você por todos os cantos. Hoje, estática, escolho entre pontuar essas linhas ou lábios vivos mais dóceis.

Não é de ti que advém a decisão, mas da minha dor que a cada dia se espalha por todos os nervos do corpo e me impossibilita. Os meus lábios tremem de novo, cada vez que sem ti, nessa impossibilidade de tornarem-se um elo, se retraem tímidos em sua contrariedade e me causam esse misto de medo e compaixão.

Para não virar escárnio de minha própria condição imaginária, eu os devoro. Com essa mesma dor que hoje tu, ausente, me causas, devoro os meus lábios em bocas alheias.




4 comentários:

Anônimo disse...

E você continua escrevendo sua história pulando linhas, errando palavras, esquecendo os títulos.

Anônimo disse...

Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

Anônimo disse...

esquecendo-me de ti dentro de mim.
dos pormenores, dos detalhes minuciosos de como é ser um dentro de dois.

Anônimo disse...

Com a mesma facilidade que tem para escrever,vc a usa para esquecer.Simples e fácil!