Aí eu disse quem tem medo é você.
-Mas veja, garota, já tudo é tão pequeno nessa cidade, tudo é tão estreito, tão aprisionante, que a gente vai percorrendo todos os espaços do corpo numa histeria que dura uma eternidade.
-E não se pode correr adiante, depois desse limite de espaço.
-Então você voa, voa longe com o pensamento. Você escolhe de novo dar essas mãos ao vento. E é o vento que te leva pra longe.
-De novo com essa estória de voar?
[tempo]
Penso, depois respondo:
- de novo, querendo inventar vida nova.
- Você nunca está contente com nada, eita egoísmo! Vai acabar sozinha. Não tem medo, não?
-Medo de quê, cara?
-De ninguém te aceitar com essa liberdade toda, de ficar sozinha.
- De ficar sozinha, não. Tenho é muito medo de não ser feliz.
[...]