terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eu ando tão down e calma e perigosamente entorpecida e.

- Vem que a noite a se aproxima, que o vento tornou-se muito frio lá fora, que.
Mas ela quer discutir, ela quer manter as coisas no lugar desconstruindo as indas e vindas desse relacionamento. Eu vou te desconstruir, ela diz.
- vem, meu bem, sem dar socos no ar – respondo-lhe sorrindo.
Ela diz vamos resolver tudo primeiro, temos que conversar, não se pode fingir que não há nada de errado.
E eu cansada assim de ter de resolver algo que já está resolvido, adoeço na vertigem de sentir-me só noite adentro.
Porque detesto fazer caso do que tem de ser tão simples, canso no meio dessas discussões, as mesmas entrigas mesquinhas que nos fazem andar em círculos.
Explica-me, andar em círculos pra quê quando não se está dançando?

E esse amor aí todo luminoso, querendo e brigando por espaço no quarto adormecido, deitando-se ao meu lado levianamente, é como abril despedaçado, é como uma nuvem que não chove nesse mundo de lágrimas temporárias, lágrimas de riso quero dizer.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O amante (misturando as pessoas do discurso) - texto de Gisélle G. Olimpio

Pulsa o coração enquanto o sangue corre em fios escarlate através dos braços finos e alvos que sempre mantêm a peculiar aparência da aristocracia.


O que quisera ser, não importava mais. Os pedaços de si mesma não se poderiam fundir, nem que a medicina pudesse reverter, e podia, havia entre os cacos um ser que agonizava em profunda melancolia a decepção da suavidade do amor.

Você vem, e vindo não se dá conta do mal que me pode fazer, quando anda solto com um rumo desconhecido, quando se depara com escolhas pré-realizadas, quase óbvias, onde a incerteza é a convicção de que não serei informada da real vida que lhe sobrevém. Os fantasmas que assolam minha mente parecem reais, tal como existe esta escolha que a ti compete preferir. A alternância é a afirmação de uma virtude que se considera certa, é uma convicção de ser ou não ser.

Os passos levam o teu corpo, é quase a hora da despedida. Vês, através de mim, que a atitude de me ter é tão sublime quanto um lago negro, em proporções harmônicas o corpo imprimi fortes movimentos, o que suscita um temor irracional. Flutuas neste lago através do meu ser, mas desconheces a profundidade da situação. Diz a lenda que há monstros nestes lagos, e nesta vasta extensão de imprecisão é que acontece o ápice de um amor que extravasa a luxúria corporal, enquanto as mãos se entrelaçam e a carne arde. Solícito, queres ainda mais de mim, muito além do corpo que me leva, queres o meu interior em um mergulho em que ignoras o pavor que a inundação pode causar.

Aprecio a lubricidade do meu ser, o que pode até ser um sinal do frescor que ainda me ronda, mas também isto é vaidade que se dissipa em um momento qualquer como se fosse uma aparência ilusória.

Eu não quero sangrar até a morte, eu quero a vida plena! Tome tudo de mim com fortes sensações enquanto o domínio da carne nos sobrevém, mas tenha algo além deste instinto físico. Comove-me como um membro de família reinante, com a cordialidade e o afeto que de ti desejo, sempre; em profunda admiração e amizade, com a devoção de dois amantes.

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