Os olhos dela denunciam na falta das palavras corretas, o
corpo precisa dizer além do que a boca insiste em calar.
Ela me remete essa dor interior, dor que palpita no gosto
jamais imaginado que teria, de tão amargo e rebelde, descendo garganta
abaixo. Ah, sem esse rancor todo, sem
essa vertente de mágoa na minha direção eu a veria melhor, mas veja, note que
os olhos dela ainda dizem mais do que as minhas palavras e eu não consigo
enxergar um palmo à frente além do que seria pior ainda de imaginar, do que
chamar o meu nome e não obter qualquer resposta.
Vou deixá-la ali com a mudez nos lábios, passando no outro
lado da rua, tão distante das mãos que eu estendo, porque agora é inalcançável
buscá-la de maneira lívida. Esse peso que carrega, ela faz questão de carregar
sozinha e tudo pode afastar-me dela e nada pode faze-la mudar de idéia, nada
pode demova-la. Esse seguir sem rumo é uma trégua passageira sem permissão para
acontecer, é ainda a vida dela decidindo-se por meios que me ultrapassam e que
nem me cabem decidir.
Então voa pássaro machucado, voa e voando conserta essas
asas despedaçadas. Não teria o menor sentido lembrar da angustia agora que
reluto nela. Porque não são minhas as revoltas incontidas, deixei estar e não por
descaso, foi o peso que me fez largar tão macias mãos...
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