quinta-feira, 23 de abril de 2009

"Se queres rir"








Para J. T.

Se te ris
Ria. Que a vida tem sido uma comédia.
Mas não ria de mim, não com a intimidade que acreditas ter.
Foste também, como eu fui, parte de algo grandioso demais para caber sequer na ponta da língua.
E não cabe a mim tornar isto tão sólido quando já não passa de um sonho distante.
Não precisas voltar mais. Creia-me. E não voltes.
Por que se queres que eu termine algo quando não temos mais nada sequer para terminar, podes te rir de tua própria insanidade. Que eu, já aborrecida e desapontada com a rotina, rio de tudo, sem o mínimo esforço. Não falta muito para rir-me de ti enquanto chama-me louca.
Tanto tempo perdemos nas entrelinhas que eu cansei-me até de continuar as ladainhas do amor impossível. Ah, se me fazes falta? Como qualquer um que tenha durado o tempo suficiente para fazê-lo.
Mas não estás no centro das atenções, não estás nas estantes, não estás entre os meus penduricalhos. Nem estás.
Porque nunca estivesses além das cartas escritas. Nunca te esforçasses para ser mais do que o amor platônico.
Dei-te a oportunidade e a mim também. Não nos rendeu nem mais de uma noite. Uma noite. Queres rir de algo? Ria disto, porque rindo-me pude secar as lágrimas com o passar do tempo.
Não vês? Não temos nada para terminar aqui.
Nunca tivemos.

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